A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC)
O que é a DPOC?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é a terceira causa de morte no mundo, superada apenas pelas doenças cardíacas isquémicas e pelo acidente vascular cerebral. É uma doença de evolução lenta e progressiva que se caracteriza, sobretudo, pela dificuldade em libertar o ar dos pulmões, devido a um estreitamento das vias aéreas e/ou destruição dos alvéolos pulmonares, fazendo com que seja difícil respirar.
A DPOC é uma doença que tende a agravar-se caso não seja devidamente tratada, prejudicando a qualidade de vida dos pacientes.
As principais causas da DPOC são a bronquite crónica e o enfisema pulmonar. Geralmente, estas doenças ocorrem em simultâneo e são, sobretudo, provocadas pela exposição contínua a gases irritantes, sendo o fumo do cigarro o elemento mais comum e importante.
A bronquite crónica caracteriza-se pela inflamação das vias aéreas (brônquios) e manifesta-se geralmente pela tosse e expetoração, podendo agravar-se para uma limitação do fluxo de ar que causa dificuldade respiratória.
O enfisema caracteriza-se pela destruição dos alvéolos pulmonares, que são os pequenos sacos existentes no final das vias aéreas onde ocorrem as trocas de oxigénio e dióxido de carbono, e manifesta-se sobretudo pela dificuldade respiratória.
Quais os sintomas da DPOC?
- Tosse crónica, frequentemente acompanhada de expetoração.
- Falta de ar (dispneia) em tarefas simples de instalação progressiva.
- Sensação de “peito apertado”.
- Sibilância ou pieira ao respirar, tanto em repouso como em atividade (exercício físico, subir escadas).
- Cansaço excessivo, falta de energia.
- Infeções respiratórias frequentes.
- Perda de peso não intencional (em fases avançadas da doença).
- Inchaço nos tornozelos, pés ou pernas.
- Coloração azulada nas extremidades dos dedos.
Muitas vezes, os sintomas da DPOC só são valorizados depois de ocorrerem lesões pulmonares significativas. Estes sintomas tendem a agravar-se com a manutenção dos fatores de risco, nomeadamente continuar a fumar.
Nas fases mais avançadas da doença, podem ocorrer com alguma frequência, agravamento dos sintomas como o aumento da falta de ar (mesmo em repouso) e da tosse, com ou sem expetoração. Estas crises podem levar ao aparecimento ou agravamento de uma insuficiência respiratória, com diminuição acentuada do oxigénio e/ou aumento do dióxido de carbono.
A DPOC é muitas vezes diagnosticada durante uma dessas crises, designadas como exacerbações.
Se reconhece um ou mais destes sintomas e, sobretudo, se é fumador ou se já fumou, consulte o seu médico. Poderá ser DPOC ou poderá ser outra doença, mas só o seu médico poderá avaliar.
A DPOC e as outras doenças
Os doentes com DPOC têm maior risco de serem afetados ou sofrerem de outras doenças chamadas comorbilidades. Estas doenças podem partilhar fatores de risco comuns, como o tabagismo, e contribuem para o agravamento da doença.
Comorbilidades frequentes incluem doenças cardiovasculares, ansiedade e depressão, osteoporose, disfunção muscular, refluxo gastroesofágico, cancro do pulmão, diabetes.
Quais são os fatores de risco para a DPOC?
A DPOC é causada por fatores que desencadeiam a inflamação e a destruição dos pulmões. O tabaco é o poluente que afeta com mais frequência os pulmões e é a principal causa da DPOC.
Com o avançar da idade, ocorre uma diminuição normal da função respiratória. O fumo do tabaco vai acelerar este declínio. Se deixar de fumar, este declínio pode ser reduzido, evitando-se o agravamento da função respiratória.
Existem outros fatores que podem aumentar o risco de DPOC ou contribuir para o seu agravamento, como:
- Exposição a poeira, gases e produtos químicos relacionados com certas atividades profissionais
- Exposição a fumos como, por exemplo, lareiras ou cozinhar a carvão em locais pouco ventilados
- Fumadores passivos
- Componente genética (alguns genes podem condicionar maior suscetibilidade de desenvolver DPOC)
- Poluição do ar
Como se diagnostica a DPOC?
O seu médico pneumologista irá analisar os seus sinais e sintomas e avaliar os seus antecedentes familiares e comportamentais – em especial, em relação ao fumo do tabaco – e solicitar a realização de alguns exames.
Um dos exames mais frequentes, consiste num exame respiratório, chamado espirometria, um teste de diagnóstico simples, indolor, não invasivo e eficaz que pode ser feito, num hospital, num centro de saúde ou numa clínica. Este teste envolve inspirar e expirar para um equipamento, para medir a quantidade de ar que entra e sai dos seus pulmões e qual a facilidade em eliminar o ar.
Para além da espirometria, a avaliação da sua função respiratória pode ser complementada com testes adicionais. Caso o seu médico necessite de realizar uma avaliação mais completa, poderá solicitar ainda outros exames, tais como: raio-X do tórax, TAC, avaliação da função cardíaca, análises sanguíneas e gasometria arterial, entre outros.
Existe cura para a DPOC?
A prevenção da exposição a fatores de risco e de complicações associadas à doença é fundamental no controlo da DPOC. Para isso deverá:
- Deixar de fumar e evitar locais onde outros fumam
- Reduzir a exposição à poluição do ar interior e exterior
- Praticar atividade física regular adaptada à sua condição
- Beber água de forma abundante
- Manter um peso adequado
- Adotar uma alimentação adequada e equilibrada
- Fazer anualmente a vacinação contra a gripe
- Fazer a vacinação contra a pneumonia pneumocócica
A DPOC envolve a atenção de vários especialistas médicos e requer a coordenação de diferentes profissionais de saúde, bem como do setor social.
Quais são os tipos de tratamento da DPOC?
Como em qualquer outra doença, os tratamentos dependem sempre das queixas e da gravidade da doença de cada indivíduo.Nos casos mais ligeiros, a alteração dos comportamentos poderá ser suficiente para travar a evolução da doença, enquanto nos casos mais graves existem terapêuticas que permitem controlar os sintomas, diminuir o risco de complicações e melhorar a qualidade de vida.
A medida mais importante é deixar de fumar. Se ainda fuma, é fundamental que deixe de fumar para impedir a progressão desta doença. Pode não ser fácil abandonar este hábito, mas com a ajuda do seu médico poderá aceder a consultas específicas para deixar de fumar, poderá utilizar substitutos da nicotina ou tomar outros medicamentos que vão ajudar.
Existem vários medicamentos que são utilizados para tratar os sintomas e as exacerbações da DPOC. Alguns são tomados regularmente e outros conforme a necessidade. O tratamento com inaladores, muitas vezes referidos como “bombas” (broncodilatadores e anti-inflamatórios), é utilizado com o objetivo de dilatar os brônquios e reduzir a inflamação, aliviar a tosse e a falta de ar, bem como prevenir o risco de crises da doença.
Também podem ser adotados programas de reabilitação respiratória. Geralmente, estes programas combinam fisioterapia, educação e aconselhamento sobre como lidar com a doença e orientação nutricional. Será um trabalho conjunto com diversos profissionais de saúde, que podem adaptar o seu programa de reabilitação de acordo com as suas necessidades.
Na DPOC moderada a grave, a quantidade de oxigénio que passa dos pulmões para o sangue diminui. Neste caso, a oxigenoterapia domiciliária irá reduzir o risco de mortalidade associada a esta doença e ajudar a aliviar a falta de ar através da melhoria da quantidade de oxigénio no sangue. Existem vários dispositivos que fornecem oxigénio suplementar, incluindo unidades leves e portáteis que pode transportar consigo.
Saiba mais sobre o tratamento com oxigenoterapia
Em alguns pacientes com DPOC grave, a quantidade de dióxido de carbono presente no sangue pode aumentar devido à incapacidade dos pulmões procederem à sua eliminação corretamente. Nestes casos, a ventiloterapia domiciliária irá ajudar a respirar melhor e a diminuir o nível de dióxido de carbono no sangue.
Saiba mais sobre o tratamento com ventiloterapiaComo viver com a DPOC?
Para além do tratamento clínico, existem hábitos que podem ser adotados para se sentir melhor e travar a evolução da doença, nomeadamente:
- Controlo da respiração: existem posições respiratórias, técnicas de conservação de energia e de relaxamento que podem ajudar a diminuir a sensação de falta de ar.
- Limpeza das vias respiratórias: para ajudar na eliminação da expetoração, poderá aplicar técnicas de tosse controlada e, extremamente importante, beber muita água.
- Exercício regular: manter a atividade física é muito importante, porque melhora o estado muscular de todo o corpo, fortalece os músculos respiratórios, melhora a sua autonomia e a sua disposição psicológica. Vai sentir-se menos cansado e mais confiante.
- Alimentação saudável: uma dieta saudável e equilibrada é fundamental. No caso da DPOC, torna-se ainda mais importante pois, quer registe baixo peso ou excesso de peso, poderá ter um contributo significativo na melhoria da sua qualidade de vida.
- Evitar a poluição e o fumo: a poluição do ar é prejudicial para os pulmões. Preste atenção às recomendações dadas pelas autoridades quanto à qualidade do ar e evite deslocações ao ar livre em alturas e locais de maior poluição. Deixe de fumar e evite também os locais onde é permitido fumar.
- Consultar o médico regularmente: não falte às suas consultas, mesmo que se sinta bem. Informe o seu médico se sentir um agravamento dos sintomas ou se notar sinais de infeção.
Viver com Oxigénio
O oxigénio é o combustível do corpo e precisa de estar continuamente disponível. Os órgãos e os músculos necessitam de oxigénio para funcionar e eliminam o dióxido de carbono como resíduo.
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Fontes
Este conteúdo, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não é um substituto para aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico com quaisquer perguntas que possa ter sobre uma condição de saúde, procedimento ou tratamento médico.
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American Thoracic Society – Oxygen Therapy Patient Education (2016)
Disponível em: https://www.thoracic.org/patients/patient-resources/resources/oxygen-th…