Insuficiência Respiratória Crónica
O que é a insuficiência respiratória crónica?
Falamos em insuficiência respiratória crónica quando a incapacidade em respirar adequadamente se manifesta de forma progressiva ao longo do tempo, é persistente e requer acompanhamento e tratamento continuado.
Muitas vezes, este problema de saúde pode resultar de doenças que envolvem os pulmões. Também pode resultar de doenças que afetam os nervos, os músculos ou a estrutura óssea do tórax que ajudam no processo de respiração.
No processo do sistema respiratório, o oxigénio tem de passar dos pulmões para o sangue para que os nossos órgãos funcionem corretamente. Caso ocorra uma acumulação de dióxido de carbono, os órgãos podem ser afetados e interferir com o normal fornecimento de oxigénio ao organismo.
Quando se sente dificuldade em respirar, significa que os alvéolos pulmonares não estão a conseguir canalizar facilmente o oxigénio para o sangue ou a eliminar o dióxido de carbono para o exterior.
A insuficiência respiratória crónica é uma condição persistente que resulta na incapacidade, a nível pulmonar, de trocar eficazmente dióxido de carbono e oxigénio, resultando em níveis de oxigénio cronicamente baixos ou de dióxido de carbono cronicamente altos.
Esta doença respiratória é comprovada e avaliada através da medição dos níveis de oxigénio e de dióxido de carbono no sangue.
Quais são os sintomas da insuficiência respiratória crónica?
Os sintomas resultam dos níveis de oxigénio e de dióxido de carbono no sangue e podem estar associados à doença que causa a IR.
Podem surgir de forma progressiva, dependendo da rapidez com que a doença se desenvolveu ao longo do tempo.
Entre os sintomas mais típicos destacam-se:
- Sensação de falta de ar ou de não conseguir respirar o suficiente, também conhecido como “fome de ar”.
- Ficar ofegante, especialmente durante as atividades diárias como tomar banho, vestir, atar os sapatos, subir escadas, etc.
- Sensação de cansaço/fadiga excessiva.
- Sonolência exagerada.
- Coloração azulada na pele, lábios e unhas.
- Sensação de confusão mental, ansiedade.
- Dores de cabeça pela manhã.
Como é feito o diagnóstico da insuficiência respiratória crónica?
Ao consultar o seu médico, com base nos seus sintomas, observação e historial clínico, este poderá suspeitar de que tem uma insuficiência respiratória crónica.
Para confirmar o diagnóstico e identificar a causa da doença, é natural que o seu médico lhe peça para realizar alguns exames.
Entre os exames mais frequentes para diagnosticar a insuficiência respiratória crónica, o seu médico poderá solicitar que realize:
Este exame permite medir a quantidade de oxigénio e de dióxido de carbono presente no sangue arterial.
É um procedimento seguro e fácil, que consiste na colheita de uma pequena quantidade de sangue numa artéria, geralmente, na zona do pulso.
Mediante a avaliação dos respetivos valores, este exame permite comprovar se sofre de insuficiência respiratória e qual a sua gravidade. Permite verificar se tem um nível reduzido de oxigénio ou se apresenta, também, níveis elevados de dióxido de carbono.
São exames que se destinam a avaliar a capacidade do seu sistema respiratório. Nestes exames simples, indolores e não invasivos terá de respirar para determinados equipamentos de modo a verificar se existe um funcionamento deficiente da sua função respiratória e quantificar qual a gravidade.
O seu médico pode solicitar um exame de raios X ao tórax ou uma TAC para poder observar melhor os seus pulmões. Estes testes podem revelar possíveis causas que justifiquem a existência de uma insuficiência respiratória crónica.
Poderão ser solicitados outros exames de acordo com as suspeitas da causa para a insuficiência respiratória crónica e suas consequências para o organismo.
Quais são as causas da insuficiência respiratória crónica?
Quando a causa é pulmonar, sendo mais comuns a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e a fibrose pulmonar, começa por se verificar uma maior dificuldade na passagem de oxigénio para o sangue. Por isso, é natural que numa fase inicial da doença se registe apenas uma diminuição do oxigénio no sangue e só numa fase mais avançada se comecem também a verificar valores elevados de dióxido de carbono.
Quando os nervos e/ou músculos respiratórios estão afetados, em consequência de doenças neuromusculares, como a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), a maior dificuldade está na mobilização de ar no pulmão.
Outras doenças, menos comuns, que atingem a estrutura óssea do tórax, como a cifoescoliose grave (quando a coluna vertebral está acentuadamente curvada de um lado para o outro) podem causar insuficiência respiratória crónica.
Tratamento
Como tratar a insuficiência respiratória crónica?
Geralmente, o tratamento da insuficiência respiratória crónica inclui a administração de medicamentos e a participação em programas de reabilitação respiratória. Em situação de maior gravidade da insuficiência respiratória, o seu médico poderá recomendar-lhe a utilização de oxigénio e/ou respirar com o apoio de um ventilador.
A oxigenoterapia consiste em aumentar a quantidade de oxigénio no ar que respiramos e, desse modo, aumentar o nível de oxigénio no sangue.
Esta terapia para a insuficiência respiratória crónica é administrada com recurso a equipamentos próprios para a utilização em casa e/ou no exterior, quer quando está em repouso ou a caminhar e a realizar as suas atividades diárias, pelo que se designa de oxigenoterapia domiciliária.
Nem todos os pacientes com insuficiência respiratória crónica têm indicação para oxigenoterapia domiciliária. Existem critérios rigorosos baseados nos valores do oxigénio no sangue que determinam a sua utilização.
Assim, são os seus valores de oxigénio no sangue que determinam se beneficia da oxigenoterapia domiciliária. A avaliação e prescrição são, geralmente, realizadas por um médico especialista.
O objetivo será impedir que tenha, ao longo do dia, níveis de oxigénio reduzidos e considerados perigosos que possam afetar de forma grave o funcionamento do seu organismo.
A ventiloterapia consiste em aumentar o volume de ar que chega aos pulmões de cada vez que respiramos.
Esta terapia também é muitas vezes descrita como ventilação mecânica. O equipamento sopra ar para os pulmões através de uma máscara colocada sobre o nariz ou sobre o nariz e a boca, sendo designada como ventilação não invasiva. No domicílio, é esta a forma de ventiloterapia utilizada pela grande maioria dos pacientes.
O aumento do volume de ar que vai chegar aos pulmões irá ajudar a respirar melhor, com menor esforço respiratório e a diminuir o nível de dióxido de carbono (CO2).
A sua utilização é habitualmente recomendada quando se verifica um aumento crónico de dióxido de carbono (CO2), sendo particularmente adequada e eficaz em certas doenças, como as neuromusculares, ou nas deformidades graves da parede torácica (p. ex., a cifoescoliose). Tem vindo a ser cada vez mais utilizada nos casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica muito grave onde, para além da diminuição do oxigénio, também se verifica um aumento crónico do dióxido de carbono.
A recomendação para a utilização de ventiloterapia domiciliária pode variar consoante a doença, cabendo sempre a prescrição e avaliação da evolução dos pacientes a um médico especialista.
Habitualmente, é realizada durante o período noturno, mas de acordo com cada situação e evolução da doença poderá necessitar de um maior número de horas de tratamento, podendo ir até às 24 horas.
Fontes
Este conteúdo, é de natureza geral e apenas para fins informativos e não é um substituto para aconselhamento médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Consulte sempre o seu médico com quaisquer perguntas que possa ter sobre uma condição de saúde, procedimento ou tratamento médico.
Website da Healthline acedido em: 16-05-2022
https://www.healthline.com/health/chronic-respiratory-failure
Website do National Heart, Lung, and Blood Institute (NIH) acedido em: 16-05-2022