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Bombas de insulina

O que é uma Bomba de Insulina?

As bombas de insulina são dispositivos médicos eletrónicos controlados por um processador que incluem um reservatório ou cartucho de insulina

A insulina no cartucho é administrada através de um sistema de infusão, que é inserido no tecido subcutâneo, geralmente no abdómen. A insulina é perfundida quase continuamente para satisfazer as necessidades básicas, pelo que não se chegam a formar depósitos de insulina no tecido subcutâneo, o que contribui para um aumento da eficácia da terapia com insulina.1

A infusão basal pode variar ao longo do dia e alguns modelos de bombas permitem registar programas para diferentes situações: dias úteis, mudanças de turno, férias, dias pré-menstruais, etc.

Os bólus de insulina correspondem à perfusão utilizada para cobrir a ingestão de alimentos. São administrados, conforme necessário: 

De forma imediata (bólus normal)

Distribuídos ao longo de um determinado período de tempo (bólus prolongado)

As atuais bombas de insulina são dispositivos médicos devidamente certificados e aprovados, de pequenas dimensões, e peso (semelhantes a um pequeno telemóvel), de utilização e programação simples. Existem modelos capazes de perfundir quantidades basais tão baixas como 0,1 unidades por hora e de fornecer bólus específicos de insulina, permitindo alcançar um controlo otimizado. Além disso, é frequente as bombas de insulina contribuirem para um impacto muito positivo na melhoria da qualidade de vida das pessoas com diabetes. Uma das suas características mais relevantes são as suas dimensões reduzidas que permitem uma portabilidade conveniente e discreta, mas também uma utilização intuitiva.

Como é que a bomba de insulina replica o funcionamento de um pâncreas saudável?

Nas pessoas sem diabetes, o pâncreas produz continuamente pequenas quantidades de insulina para manter as funções fisiológicas e, após a ingestão de alimentos, produz uma quantidade maior. Em algumas pessoas com diabetes, esta função de produção de insulina pode estar alterada e, nesses casos, tem de ser fornecida de forma exógena.

A bomba de insulina replica a função do pâncreas saudável, libertando automaticamente pequenas quantidades de insulina de ação rápida, em décimas ou centésimas de uma unidade, periodicamente. A isto chama-se débito basal. O débito basal satisfaz as necessidades de insulina entre as refeições e durante o sono, para manter os níveis de glicose no sangue constantes, bem como para ajudar noutras funções fisiológicas. Em casos específicos, o débito basal pode ser temporariamente modificado para cobrir, por exemplo, um exercício físico não programado ou para superar uma doença intercorrente.

Após a ingestão de alimentos, o utilizador necessita de administrar bólus de insulina. O bólus é a quantidade de insulina necessária para metabolizar os hidratos de carbono ingeridos. Um bólus também pode ser utilizado para corrigir, pontualmente, a glicemia elevada.

 

Vantagens da terapêutica com bomba de insulina

A terapêutica com bomba de insulina oferece vantagens únicas e importantes.

Melhor controlo da glicemia

Ao manter níveis de insulina adequados às necessidades da hora do dia, por exemplo, o fenómeno de alvorada (aumento espontâneo da glicose nas primeiras horas do dia devido ao efeito de algumas hormonas endógenas) pode ser antecipado aumentando as doses basais de insulina nas primeiras horas da manhã e mantendo a normoglicemia ao acordar.2

Os desequilíbrios da glicemia pós-prandial (após a refeição) podem ser evitados através da adaptação da dose de bólus à ingestão de hidratos de carbono e a forma do mesmo em função do tipo de refeição (por exemplo, através da extensão de parte do bólus no caso de refeições com elevado teor de gordura).3

Menos episódios de hipoglicemia

Por motivos semelhantes aos acima indicados, o número e a intensidade das hipoglicemias são significativamente reduzidos com a utilização de uma bomba de insulina. Com a bomba, é possível programar diferentes débitos basais em diferentes alturas do dia, por exemplo, ao início da noite. Além disso, quando o controlo glicémico é otimizado, em geral, e as flutuações entre valores extremos são evitadas, os sintomas de hipoglicemia são detetados mais cedo.4

Um estilo de vida flexível

O uso de bomba de insulina pode contribuir para um estilo de vida ativo e mais independente no que se refere à programação horária de ingestão de alimentos, ou à programação da atividade física com antecedência ou até à programação do horário do despertar para a administração de insulina. Também, por exemplo no caso de viagens intercontinentais, a adaptação horária pode ser simplificada. Algumas das barreiras que condicionam o dia a dia da pessoa com diabetes, podem ser reduzidas ou até eliminadas.

Potenciais desafios da terapêutica com bomba de insulina

Para uma visão mais precisa das possibilidades deste tipo de terapêutica com bomba de insulina, devemos considerar não só as vantagens, mas também os potenciais desafios, apesar de alguns destes fazerem parte da vida quotidiana de qualquer pessoa tratada com insulina.

Gestão responsável da terapêutica

A recomendação e prescrição do uso da bomba de insulina é feita exclusivamente pelo médico mediante avaliação do utilizador. Os candidatos à terapêutica com bomba devem ter uma boa formação sobre a diabetes, demonstrando os conhecimentos necessários para gerir a sua diabetes de forma responsável. A fim de obterem o máximo benefício da bomba, devem ser capazes de gerir o teor de hidratos de carbono e de gordura das suas refeições.

Controlo glicémico rigoroso

Idealmente, as pessoas com uma bomba de insulina deveriam também dispor de Monitorização Contínua da Glicose (MCG), quer integrada na própria bomba, quer separadamente num dispositivo móvel. As pessoas sem acesso à MCG devem testar a sua glicemia, pelo menos, 4 a 6 vezes por dia, todos os dias. Frequentemente, alguns destes testes terão de ser feitos nas primeiras horas da manhã.

Risco de cetose

Com uma bomba de insulina, a infusão de insulina é imediata, não existindo uma reserva de insulina lenta. Assim, em caso de interrupção, e se não forem tomadas as medidas adequadas, a glicemia pode aumentar rapidamente e levar à cetose.

Ligação permanente

A utilização de uma bomba de insulina implica a utilização de uma agulha de infusão durante todo o dia. Os sistemas atuais, tanto as próprias bombas como os conjuntos de infusão, são concebidos para permitir alguma interação (tais como ligação e desconexão temporárias, diferentes tipos de agulhas, etc.) o que minimiza estes pequenos incómodos, e que deverão ser compensados pelas vantagens da terapêutica com bombas.

Cuidados com a pele

Para evitar problemas de pele decorrentes da utilização contínua de sistemas de infusão, os utilizadores da bomba devem seguir as instruções da sua equipa de cuidados de saúde. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de cuidados complementares de higiene e cuidados com a pele.

Dependência técnica

As bombas de insulina são dispositivos médicos certificados, no entanto existe o risco de falhas. Os fabricantes e distribuidores destes produtos em geral oferecem um serviço de assistência técnica que funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano, capaz de resolver quaisquer possíveis incidentes. Se for necessário prescindir da bomba, temporariamente, serão seguidos os procedimentos alternativos indicados pela sua equipa de profissionais de saúde para estas situações.

Para quem pode ser recomendada a prescrição da bomba de insulina?

A recomendação e prescrição do uso da bomba de insulina é feita exclusivamente pelo médico mediante avaliação do utilizador. Alguns dos aspetos que podem ser considerados pelo seu médico para a sua recomendação são:

  • Níveis elevados de hemoglobina glicosilada (HbA1c) no sangue que não são corrigidos pelos métodos convencionais de tratamento com insulina e MCG

     
  • Flutuações frequentes e graves nos níveis de glicose (hipo e hiperglicemias)

     
  • Hipoglicemia repetida à noite, ou dificuldade em detetar a hipoglicemia a qualquer hora do dia

     
  • Hiperglicemia ao acordar de manhã sem comer (“fenómeno de alvorada”)

     
  • Reações de hipersensibilidade a algum componente das insulinas lentas

     
  • Engravidar num futuro próximo

     
  • Trabalho em diferentes turnos ou, se sempre no mesmo horário, com cargas de trabalho diferentes todos os dias

     
  • Realização de atividades fisicamente exigentes ou participação em desportos de competição

     
  • Viajar com frequência, sobretudo se é necessário atravessar diferentes fusos horários

     
  • Ter como objetivo um controlo glicémico adequado para reduzir o risco de complicações a longo prazo sem comprometer a qualidade de vida