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A apneia do sono nas mulheres

A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um dos distúrbios respiratórios do sono mais comuns. Caracteriza-se por uma respiração anormal, com pausas ou diminuições involuntárias e repetidas da respiração durante o sono, como consequência da obstrução da via aérea que surge devido a um relaxamento excessivo dos músculos da garganta/faringe.

Como consequência das pausas na respiração, o nível de oxigénio no seu sangue vai baixar, levando o seu cérebro a despertá-la, mesmo de forma inconsciente (microdespertares), para abrir as vias respiratórias e voltar a respirar normalmente.

É possível que não se lembre de ter acordado, mas este ciclo - adormecer e parar de respirar seguido de despertar para voltar a respirar - repete-se durante toda a noite, causando perturbações evidentes na qualidade do sono, fazendo com que este não seja reparador, impedindo que a sua mente e o seu corpo tenham o descanso necessário para funcionar.

As mulheres também sofrem de apneia do sono?

A maior parte das pessoas pensa que quem sofre de apneia do sono são homens de meia-idade com excesso de peso e um ressonar intenso. Embora a idade, o sexo, o peso e a circunferência do pescoço aumentem a probabilidade de sofrer de apneia do sono, estes parâmetros não refletem totalmente a população de pessoas afetadas. 

Estudos anteriores mostraram haver um desequilíbrio entre homens e mulheres diagnosticados com AOS (cerca de 8 a 9 homens para cada mulher). No entanto, através de estudos na população geral, percebemos que este valor estará, provavelmente, mais próximo de 2 a 3 homens por cada mulher com apneia do sono, o que poderá sugerir que as mulheres com AOS poderão estar a ser menos diagnosticadas.

Porque é que as mulheres são menos diagnosticadas com apneia do sono do que os homens?

É possível que os sintomas menos "típicos", como a depressão, a insónia e a ansiedade, levem as mulheres ou os profissionais de saúde a considerarem como menos provável esta possibilidade e, assim, haver um menor diagnóstico de apneia do sono nas mulheres.

Os sintomas característicos como ressonar, apneias testemunhadas, excesso de peso e o adormecer durante o dia podem ser menos comuns nas mulheres com apneia ligeira do sono do que nos homens com o mesmo nível da doença, tornando a apneia do sono nas mulheres menos óbvia. Embora as mulheres sintam sonolência diurna, é possível que tenham um limiar diferente para se sentirem sonolentas ou que se queixem de sono de forma diferente dos homens.

A investigação também documentou diferenças entre os sexos na distribuição da gordura nas vias aéreas superiores e consequente estabilidade respiratória na AOS. As hormonas estão implicadas em algumas variações, sendo que as diferenças entre homens e mulheres na prevalência da AOS diminuem com o aumento da idade.

A apneia do sono é perigosa para as mulheres?

Tal como acontece com os homens, as mulheres com apneia do sono não tratada podem correr um risco mais elevado de desenvolver doenças crónicas, como hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2 e depressão. 

Cada vez mais tem-se vindo a sugerir que a apneia do sono ligeira deve ser tratada, por esta poder estar associada à incapacidade diurna, dificuldade de concentração e de realização de tarefas, fraco desempenho psicomotor condicionando uma redução da qualidade de vida.

Os sintomas comuns da apneia do sono nas mulheres são:

  • Pausas respiratórias (apneias) ou sensação de asfixia durante o sono
  • Ressonar
  • Necessidade de urinar diversas vezes durante a noite
  • Respiração ofegante durante o sono
  • Insónia e/ou despertares frequentes
  • Sensação de sono não reparador ao acordar
  • Fadiga diurna ou falta de energia (apesar de dormir número de horas adequado - 7 a 8 horas)
  • Nível de cansaço injustificado
  • Boca seca ao acordar
  • Dores de cabeça matinais
  • Depressão
  • Ansiedade, alterações do humor, com maior irritabilidade

O tratamento com CPAP demonstrou melhorar a qualidade de vida em mulheres com AOS 

Em mulheres com apneia obstrutiva do sono moderada ou grave, 3 meses de terapia com CPAP, em comparação com o não uso, melhoraram a qualidade de vida, o estado de humor, os sintomas de ansiedade e depressão e a sonolência diurna (Campos-Rodriguez F. el al., 2016)

Para mais informação sobre apneia do sono e tratamento para a apneia do sono, visite Viver com Apneia do Sono e Tratamento com CPAP.

Fontes

Benjafield A., et al. "Estimation of global prevalence and burden of obstructive sleep apnoea: a literature-based analysis", Lancet Respiratory Medicine. 2019; 7(8):687-698. doi: 10.1016/S2213-2600(19)30198-5.

Quintana-Gallego E., et al. "Gender differences in obstructive sleep apnea syndrome: a clinical study of 1166 patients",  Respiratory Medicine. 2004; 98(10):984-989. doi: 10.1016/j.rmed.2004.03.002.

Young T., et al. “Epidemiology of obstructive sleep apnea: a population health perspective.” American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. 2002; 165(9):1217-1239. doi: 10.1164/rccm.2109080. 

“Women & Sleep Apnea.” National Sleep Foundation. Disponível em: www.sleepfoundation.org/articles/women-and-sleep-apnea. Acedido a 5 março 2024.

Wimms A., et al. “Obstructive sleep apnea in women: specific issues and interventions.” BioMed Research International. 2016; 2016:1764837. doi: 10.1155/2016/1764837.

Campos-Rodriguez F., et al. "Continuous positive airway pressure improves quality of life in women with obstructive sleep apena. A randomized trial." 2016; 194(10):1286-1294. doi: 10.1164/rccm.201602-0265OC.